quarta-feira, 14 de março de 2012

Dilma consolida República do Chimarrão em Brasília



Dilma consolida República do Chimarrão em BrasíliaFoto: Divulgação

CÍRCULO DE GAÚCHOS NO PRIMEIRO ESCALÃO DO GOVERNO JÁ TEM SETE MEMBROS E PODE CHEGAR A OITO, CASO O PORTOALEGRENSE BRIZOLA NETO SEJA CONFIRMADO NO TRABALHO; ENQUANTO ISSO, CONFRARIA DO ACARAJÉ É DESBARATADA COM A SAÍDA DE QUATRO BAIANOS

14 de Março de 2012 às 13:59
247 – O governo Dilma está começando – tem forte sotaque dos pampas e o hábito de tomar chimarrão todas as manhãs. Encoberta, em seu primeiro ano, pela sombra do governo Lula e suas intrincadas amarrações políticas com o rol de 13 partidos que apoiaram a candidata oficial, a administração da maior beneficiária pelos acordos está se libertando. No primeiro ano, é certo que Dilma substituiu sete ministros alvejados por algum tipo de denúncia, aproveitando cada oportunidade para fazer as trocas por técnicos e políticos um pouco mais próximos de seu perfil, mas também foi, aos poucos, incluindo em seu círculo um grupo de colaboradores que têm em comum a origem no Rio Grande do Sul.
Pode-se dizer, é claro, que o gaúcho Alexandre Tombini, presidente do Banco Central, é um caso de coincidência. Ele sempre foi visto com um sucessor natural para Henrique Meirelles. O mesmo se pode dizer do advogado-geral da União, Luis Inácio Adams, um portoalegrense de 47 anos, herdado dos tempos de Lula. Mas também é certo que, com ambos, Dilma tem excelente relacionamento. O fato de serem gaúchos ajuda a explicar o bom trânsito com a presidente. Ela prefere os despachos curtos e objetivos, no tom de voz firme e enfático à volta do mesão de trabalho, dos que as conversas escarrapachadas nos sofás em tom confidencial que sempre agradaram os mineiros e jamais compuseram o estilo gaúcho.
Agora, Dilma coloca ainda mais mate em sua cuia de poder ao nomear Pepe Vargas (nascido em Nova Petrópolis, mas com vida política construída em Caxias do Sul) como ministro do Desenvolvimento Agrário, em lugar do baiano Afonso Florence. Vargas formará dupla com o mais conservador Mendes Ribeiro, gaúcho representativo de setores mais conservadores do Estado. Numa área que lhe é especialmente cara, a dos Direitos Humanos por onde transitam questões como a Comissão da Verdade e a condição feminina, outra vez Dilma optou pelo acento seco e enérgico do Estado mais ao sul do País. Ali o comando é da deputado Maria do Rosário, ex-militante comunista que exerceu mandato de vereadora em Porto Alegre – e nascida em Veranópolis, no centro do Rio Grande. A lista inclui o ministro de Ciência e Tecnologia, Marco Antonio Raupp, e agrega a secretário do Desenvolvimento Social, Tereza Campello, que apesar de nascida em São Paulo, desenvolveu toda a sua carreira política no Rio Grande do Sul.
Neste momento, a presidente está perto de carimbar a entrada de mais um gaúcho em seu governo – o que carrega o sobrenome indissoluvelmente ligado à história política do Rio Grande do Sul. Tendo feito carreira política no Rio de Janeiro, na esteira da popularidade do avô, o deputado pedetista Brizola Neto, cotado para a Ministério do Trabalho, é sim nascido em Porto Alegre. Mais um, sem dúvida, para a roda de chimarrão que o avô tanto apreciava.
Enquanto foi montando a sua própria república, Dilma aproveitou para desbaratar o que se poderia chamar de confraria do acarajé. Com a troca do baiano Afonso Florence, no Desenvolvimento Agrário, pelo gaúcho Pepe Vargas, já são quatro os baianos de destaque que, com ela, tiveram de tomar o caminho de casa: Mario Negromonte, ex-Cidades, Orlando Silva, ex-Esporte, e José Sergio Gabrielli, ex-Petrobras. Afê, tchê!

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