segunda-feira, 23 de abril de 2012

Cachoeira não é uma "bomba-relógio"


Cachoeira não é uma Foto: Divulgação

 

Interlocutores do contraventor dizem que ele vai poupar aliados quando for chamado a depor, principalmente Demóstenes; gravações telefônicas mostram que senador já foi alvo de proteção

 
247 – Quem esperava um verdadeiro incêndio no depoimento de Carlinhos Cachoeira no Congresso pode sair decepcionado. O contraventor não descarta uma tentativa de recorrer à Justiça pelo direito de ele se manter calado em seu depoimento. Tudo para poupar seus aliados, principalmente Demóstenes Torres. Essa não seria a primeira vez ao senador. Em gravações, Cachoeira e Dadá armam esquema para proteger Demóstenes de uma suspeita levantada pelo ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda.

Leia na matéria da Folha:

Pivô da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que leva seu apelido, Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, deu sinais a pessoas de sua confiança de que não está disposto a fazer acusações contra seus aliados no Congresso quando for chamado a depor.

Segundo a Folha apurou, o empresário, preso há quase dois meses por suspeita de contravenção e corrupção, está disposto a poupar principalmente o senador Demóstenes Torres (ex-DEM), suspeito de atuar no Congresso em favor de interesses de Cachoeira. A CPI deve ser instalada nesta semana.

O empresário não dá sinais de que vai jogar gasolina no escândalo. Segundo interlocutores, ele está calmo, a despeito das suspeitas publicadas nas últimas semanas, e não é uma "bomba-relógio".

O círculo de contatos de Cachoeira não descarta uma tentativa de recorrer à Justiça pelo direito de ele se manter calado em seu depoimento, usando o argumento de que não é obrigado a produzir provas contra si mesmo.
Essa futura proteção do empresário ao senador, se confirmada, encontra eco em gravações telefônicas interceptadas pela Polícia Federal durante a Operação Monte Carlo e obtidas pela Folha.

Nos telefonemas, Cachoeira aparece agindo para proteger Demóstenes de uma suspeita levantada pelo ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda (ex-DEM) em entrevista à "Veja", em março de 2011.
Arruda disse que, quando estava no governo, Demóstenes lhe pediu para contratar uma empresa. Na época, o senador negou ter pedido.

Três semanas depois, Cachoeira telefonou para seu auxiliar, o terceiro sargento da Aeronáutica Idalberto Matias de Araújo, o Dadá, para que ele procurasse um policial civil do DF que teria contatos com Arruda para lhe mandar um recado urgente: "Ir lá no Arruda e fazer desmentir aquele negócio do nosso amigo. [...] Desmentir aquilo que ele falou, entendeu?"

Dadá indagou se estava se referindo ao "Gordinho", apelido que ele dá a Demóstenes, e Cachoeira confirmou que Demóstenes estava ao lado dele naquele momento.

"Fala para ele [Arruda] que ele [Demóstenes] tá puto com ele porque foi falar essa mentira aí. Vai bater em público se ver ele, viu?"

Dias depois, Dadá contou a Cachoeira que esteve com um contato que se comprometeu a ir até a casa de Arruda e dar o recado. Os telefonemas interceptados pela PF não deixam claro se Arruda recebeu o pedido. Procurado ontem, o ex-governador não foi localizado para comentar.

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