quarta-feira, 26 de outubro de 2011

"Ou anulam as provas ou anulam as questões"


Foto: Divulgação

EM ENTREVISTA AO BRASIL 247, PROCURADOR OSCAR COSTA FILHO PEDIU AÇÃO IMEDIATA DO MEC SOBRE SUPOSTO VAZAMENTO DE 13 QUESTÕES DO ENEM EM FORTALEZA

26 de Outubro de 2011 às 18:19
Diego Iraheta_247 - Depois de um fim de semana de tranquilidade e aparente sucesso, o Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) 2011 está em xeque. Candidatos do Ceará denunciaram que 13 questões da prova amarela tinham sido reproduzidas em um simulado do colégio Christus, de Fortaleza. O Ministério Público Federal é taxativo: houve vazamento e, por isso, o caso requer uma solução imediata. “Não precisa esperar inquérito da Polícia Federal. A solução tem que ser apresentada hoje, nesta semana”, disse ao Brasil 247 o procurador federal Oscar Costa Filho, há 20 anos atuando no Ceará.
Para ele, o Ministério da Educação tem duas opções. Ou anula o exame inteiro ou anula as 13 questões. Oscar Costa Filho discorda de solução ventilada pelo MEC de invalidar apenas os exames dos cerca de 600 estudantes do colégio Christus, que tiveram acesso às questões em simulado duas semanas antes do concurso. “Não tem como dimensionar quantos alunos tiveram acesso. Tem estudantes que se comunicam. Como é que vai dizer que foram só alunos dessa escola que tiveram acesso às questões do Enem?”, argumenta. Leia a entrevista completa ao Brasil 247:
Brasil 247: O senhor viu as questões do simulado. Elas eram idênticas mesmo?
Oscar Costa Filho: Sim, está tudo documentado. São 13 questões. A primeira coisa que temos que nos entender com o MEC é na matemática. Não são 9, 10 questões. São 13. Elas foram cópias, cópias, cópias!
Como teria sido esse vazamento de questões?
O Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), do MEC, aventou que pode ter sido vazamento no pré-teste. O pré-teste é um processo sigiloso, em que grupos de alunos isolados resolvem questões do exame. É como se fosse um teste de questões do Enem, para medir o nível de complexidade dos itens. Com base nesse pré-teste, faz-se um banco de questões – que não são disponibilizadas ao público. É tudo feito pelo Inep sob absoluto sigilo.
Então, o vazamento foi no pré-teste?
É isso que está sendo investigado. Se foi do pré-teste ou da própria prova. A investigação criminal que vai definir para saber onde estão as fraturas expostas do Enem.
Mas os candidatos terão que esperar o inquérito da Policia Federal?
Não, o que nos interessa agora é que houve vazamento. As questões não deviam ter ido a público e foram. São cópias! Não precisa esperar inquérito da Polícia Federal. A solução tem que ser apresentada hoje, nesta semana.
Quais são as possíveis soluções para os mais de quatro milhões de candidatos que fizeram as provas?
Como foi problema de vazamento, minha recomendação é que a solução tem que atingir todos os candidatos nacionalmente. O MEC tem tido histórico de querer fazer concurso nacional. Mas quando tem problema, quer tornar o problema local. Isso não funciona. O problema é local, mas a solução tem que ser nacional.
Ou seja, o senhor discorda da anulação das provas só para os candidatos do colégio Christus?
Isso não pode ser feito, senão vai ser barrado na justiça. Não dá pra fazer a prova somente com os 600 candidatos dessa escola. Não tem como dimensionar quantos alunos tiveram acesso. Tem estudantes que se comunicam. Como é que vai dizer que foram só alunos dessa escola que tiveram acesso às questões do Enem?
Então, o senhor acha que a única saída é anular a prova?
É o que nós recomendamos. Faz outra prova. Atinge todo mundo...
Mas o custo disso não é muito elevado, procurador? Tem milhões de candidatos..
Por isso, aventamos a possibilidade de anular só as 13 questões idênticas. Mas para todo o País.

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