segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Denúncia de racismo faz escola se mexer



Denúncia de racismo faz escola se mexerFoto: Shutterstock

DEPOIS QUE ESTAGIÁRIA REGISTROU QUEIXA DE RACISMO CONTRA COLÉGIO INTERNACIONAL ANHEMBI MORUMBI, EM SÃO PAULO, DIREÇÃO CONTRATA CONSULTORIA ESPECIALIZADA EM DIVERSIDADE

05 de Dezembro de 2011 às 20:41
Diego Iraheta _247 – Esta segunda-feira foi o primeiro dia de trabalho da estagiária Ester Elisa Cesário depois que ela denunciou os chefes por racismo. A jovem, que atua no setor de marketing do Colégio Internacional Anhembi Morumbi, ainda está muito abalada com a discriminação que afirma ter sofrido de uma diretora da escola situada no Brooklin, área nobre da capital paulista. Procurada pelo Brasil 247, Ester pediu mais tempo para refletir sobre o caso antes de dar entrevista. Em ocorrência registrada na Delegacia de Crimes Raciais de São Paulo, ela disse que foi advertida a alisar os cabelos crespos e vestir roupas para "esconder" os quadris.
De acordo com reportagem da Radioagência NP, Ester recebia “recados” de colegas para prender o cabelo até o dia em que foi ameaçada pela diretora. “O padrão daqui [da escola] é cabelo liso”, teria dito a representante do colégio. Após ser repreendida, Ester teria sido coagida a ficar em silêncio sobre a discriminação: “Cuidado com o que você fala por aí porque eu tenho 20 anos no colégio e você está começando agora”.
A Delegacia de Crimes Raciais já iniciou investigação sobre o caso. A ocorrência infringe a lei estadual contra a discriminação racial. Se for concluído que houve constrangimento da estagiária com base na cor, o Colégio Internacional Anhembi Morumbi pode ser multado e ter a licença suspensa.
Escola admite problema, mas nega racismo
Procurada pelo 247, a direção do Colégio Internacional Anhembi Morumbi informa que nunca teve intenção de causar qualquer constrangimento à estagiária. Em nota, a instituição sugere que a “orientação” sobre uso de uniforme para Ester foi semelhante à instrução dada para todos os estudantes e funcionários. “Foi instituído o uso de uniformes... para que o foco da atenção saia da aparência e seja dado ao indivíduo e sua natureza única, às suas potencialidades e características singulares”, diz a nota. Não há referência ao processo de alisamento, que teria sigo “recomendado” pela diretora.
O Colégio Internacional Anhembi Morumbi também decidiu contratar uma “consultoria especializada em diversidade” para lidar melhor com o tema dentro da escola. Sem admitir a discriminação, a instituição reconhece que “a boa intenção das pessoas envolvidas não foi suficiente para gerar a acolhida e integração” esperada.
“Trabalharemos para entender os motivos e criar as condições necessárias para que atuais e futuros colaboradores se sintam totalmente integrados à equipe”, encerra a nota.

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