Eram quase 17h15 do domingo, dia 18 de dezembro, quando o cantor sertanejo Michel Teló saiu do camarim dos estúdios da TV Globo de São Paulo e se dirigiu para as coxias. Era a sexta vez que ele participava do programa Domingão do Faustão. “Mas a ansiedade é a mesma”, diz, enquanto mexe os braços e as pernas, inspira e expira como se estivesse se aquecendo para uma competição esportiva. Michel lembra um hábito de Fausto Silva: quebrar o script e forçar o artista a improvisar. Faustão entra primeiro e inicia um quadro de humor. Sua voz parece aumentar a adrenalina. Para relaxar, Michel saca seu iPhone e tuita: “Galera já vou entrar no palco do Faustão! Fiquem ligados” (sic). Vira-se para a parede, fecha os olhos, junta as mãos e reza. De volta à realidade, dá uma espiada no palco, volta-se para o repórter e, com as mãos, simula a batida acelerada do coração, como se dissesse “está a mil”. Até que Faustão anuncia:
– Esse cara teve um ano extraordinário. Para vocês terem uma ideia, 4,5 milhões de pessoas assistiram aos 220 shows, média de 20 mil pessoas. Duzentas horas dentro de um avião. O Brasil inteiro cantou e dançou com... Miiiiichel Teló!
Não só o Brasil, mas o mundo está dançando com esse cantor paranaense de 30 anos. Enquanto ele se apresentava no Faustão, seu sucesso, a canção dançante “Ai, se eu te pego (assim você me mata)”, atingia a marca de 80 milhões de acessos no YouTube (até o último dia 28, esse número chegou a 93 milhões). É a música brasileira mais vista na história do YouTube, lidera a audiência na Espanha e chegou ao Natal como o sétimo vídeo musical mais visto do planeta – e subindo. Michel está com os olhos cheios de lágrimas quando sai do palco do Faustão, às 17h59. Pelo roteiro original, ele deveria cantar apenas quatro músicas. Foram 17 – contando o inevitável bis de “Ai, se eu te pego”. Ao saber por uma assessora que a audiência com Teló ia bem, Faustão improvisou e pediu que ele cantasse clássicos sertanejos, naquela onda do “quem sabe faz ao vivo”. “Ufa, foi incrível!”, diz Teló, nadando em adrenalina, quando volta ao camarim. “É difícil fazer isso.” E as lágrimas? “Ah, é por tudo o que tem acontecido comigo. Só tenho a agradecer a Deus.”
A sua frente só havia Adele, Rihanna e Justin Bieber. “Ai, se eu te pego” – originalmente um forró dos baianos Sharon Acioly e Antonio Dyggs, adaptado para o ritmo de batidão sertanejo – lidera as vendas no iTunes, o site de venda de música da Apple, no Brasil, na Espanha, em Portugal, na Itália, Suécia, no Chile e na Argentina. Seu novo trabalho, Michel na balada, já vendeu 68 mil cópias em 15 dias, nos formatos CD e DVD. Seu cachê dobrou nos últimos três meses e está em torno de R$ 150 mil. “Ai, se eu te pego” foi chamada de “Macarena do século XXI” – uma referência ao hit da dupla espanhola Los Del Rio que invadiu as pistas de dança do mundo em 1996, com uma coreografia complexa que misturava rebolado e movimentos robóticos com os braços. “Agora chegou a vez da letra maliciosa e do rebolado discreto de Michel Teló”, diz o produtor musical Luiz Carlos Maluly, responsável pelo maior sucesso de vendas brasileiro de 2011, o disco Paula Fernandes – Ao vivo. “O mundo inteiro está dançando ao som do batidão, essa mistura de vanerão gaúcho e forró nordestino que o Teló inventou.”
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