quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Em PE, Dilma ‘visita’ problema criado por Dilma


Dilma Rousseff voou para Pernambuco nesta quarta (8). Foi vistoriar trechos da obra da transposição do rio São Francisco. Um empreendimento que ela gerenciara como chefe da Casa Civil de Lula e que, no primeiro ano de sua presidência, apresentou graves problemas gerenciais.
Sob Lula, a obra fora vendida como prova da competência da ex-gerente. Sob Dilma, tornou-se evidência de incúria administrativa. Por mal dos pecados, a presidente visitou em território pernambucano um problema que a ex-ministra não foi capaz de antever.
Estava acompanhada do ministro Fernando Bezerra (Integração Nacional) e do padrinho político dele, Eduardo Campos, governador de Pernambuco e presidente do PSB federal. Vale a pena ouvir Dilma:
“Estou aqui para concluir com o ministro Fernando Bezerra uma etapa. Nós recompusemos e reconfiguramos. O ministro está aqui. Neste ano de 2011, ele conseguiu fazer toda uma reconfiguração da obra, recontratar porque muitos lotes foram feitos só com o projeto básico.”
Onde se lê “projeto básico”, leia-se planejamento precário. Que levou a licitações mal feitas. Que desaguaram em choradeira das empreiteiras. Que resultou em pedidos de aditivos contratuais. Que resultou na paralisação das obras. Que forçou Brasília a repactuar valores.
Feitos os novos cálculos, o orçamento da obra foi à casa dos R$ 6,8 bilhões. Uma cifra que excede os valores originais em notáveis 36%. A paralisia de 2011 resultou na revisão do cronograma de execução do empreendimento.
Em outubro de 2009, numa das inúmeras visitas que fez à obra, Lula previra: “Uma parte dela ficará pronta até 2010, outra parte ficará pronta até 2012. O dado concreto é que alguém tinha que fazer, e nós estamos fazendo.” Dilma continua “fazendo”. Mas 2012 virou 2014 no novo calendário da obra.
O ex-soberano estava acompanhado da ex-gerente. Nessa época, Dilma ensaiava a candidatura que a levaria posição de sucessora. Agora, precedida pelas pegadas da ex-ministra, a presidente cobra pressa: “Nós negociamos, nós resolvemos os problemas técnicos que havia, e agora nós queremos resultados.”
Presidente, Dilma como que reconhece que o trabalho que coordenou como chefe da Casa Civil teve de passar por um profundo processo de reengenharia para ficar em pé:
“Nós escutamos os pleitos. Aqueles que nós consideramos que eram eram tecnicamente justificados, o ministro aceitou e fez um processo de renegociação – que é quase uma reengenharia. A partir de agora, nós vamos cobrar metas e resultados concretos.”
Ao ser empossado como ministro da Educação, o petê Aloizio Mercadante disse, em discurso, que Dilma é gestora implacável. Ela “espanca” os projetos novos, disse, em discurso. No caso das obras do São Francisco, Dilma lida com os problemas de um projeto que Dilma se absteve de espancar.

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