FACULDADE ADMITE "GRANDE ERRO" E DECIDE, SOB PRESSÃO DA MÍDIA, RECONTRATAR EDSON FLOSI, DEMITIDO MESMO COM CÂNCER; PROFESSOR, PORÉM, JÁ RECUSOU O CONVITE; EM SOLIDARIEDADE, COLEGA CAIO TÚLIO COSTA DEIXOU INSTITUIÇÃO NA SEMANA PASSADA
247 – Num dos comunicados mais bizarros da história do ensino brasileiro, a Fundação Cásper Líbero voltou atrás na demissão do professor de jornalismo Edson Flosi. A decisão de mandar embora o profissional da faculdade, que fica em São Paulo, causou um movimento de estudantes de jornalismo nas redes sociais e na frente do prédio da Cásper, na Avenida Paulista, na noite da sexta-feira 16. Nesta segunda-feira, os alunos também organizaram uma assembleia geral para discutir esse e outros assuntos.
O professor, porém, já declinou o convite por meio de comunicado. "Não volto, não posso e não devo voltar", escreveu Flosi. A faculdade havia dito, por meio de sua assessoria, que se a resposta do jornalista fosse positiva, a instituição pretendia também convidar Caio Túlio Costa, que se demitiu em solidariedade ao coleta, a voltar a trabalhar.
Edson Flosi, jornalista e professor licenciado da Cásper Líbero, que exercia a função de assessor da diretoria por estar se tratando contra um câncer, foi demitido pela universidade no início do mês. Em solidariedade ao colega, o professor Caio Túlio Costa, que lecionava a disciplina de Ética Jornalística na faculdade, pediu demissão. Com a demissão de Costa, teve início uma repercussão negativa na mídia sobre o caso e a revolta de estudantes, que exigiam explicações sobre a atitude da faculdade. Na noite de quinta-feira, a carta de demissão de Caio Túlio Costa foi divulgada no Facebook e replicada por diversos alunos.
O Brasil 247 entrou em contato com a Cásper Líbero e foi informado de que a decisão de demitir Flosi foi exclusivamente da Faculdade, que é ligada à Fundação Cásper Líbero. Esta, por sua vez, não sabia da doença do professor e, quando foi informada sobre o caso, “percebeu que cometeu um grande erro”. Em comum acordo com a Faculdade, decidiu então convidar o professor a voltar a trabalhar. “Não faz parte do perfil da Fundação fazer demissões nesse caso, como o do professor, que tinha o estado de saúde debilitado”, esclareceu a assessoria de imprensa da Faculdade.
Segundo a assessoria, a demissão do professor por parte da Faculdade - que não teve detalhes repassados à Fundação, como a doença do funcionário - foi baseada no número cada vez menor de aulas que ele vinha lecionando – por vontade própria, de acordo com a faculdade. Recentemente, as funções de Flosi eram focadas na assessoria de direção, cargo que exercia “já há um bom tempo”. A Cásper Líbero alegou então que "não tinha por que forçar o professor a ficar na faculdade", "exigir tanto tempo dele" e que “a intenção foi das melhores”. Questionada se não era o caso de deixar Flosi tomar ele mesmo a decisão de se demitir, a assessoria respondeu que, conhecendo o profissional que é, “muito dedicado”, ele não faria isso.
Nesta segunda-feira, depois de vilipendiada por toda a mídia, a faculdade divulgou a seguinte nota:
“A Fundação Cásper Líbero e a Faculdade Cásper Líbero, em consideração ao trabalho desenvolvido pelo professor Edson Flosi na Instituição e atendendo a demanda dos alunos, convida, publicamente, o docente a reassumir suas funções.
A Fundação e a Faculdade agradecem as manifestações de apoio ao Prof. Edson Flosi, em especial a do Prof. Caio Túlio Costa”
Abaixo, o comunicado do professor:
"Tomei conhecimento pela Imprensa do convite da Fundação Cásper Líbero e da Faculdade Cásper Líbero para reeassumir minhas funções naquela instituição de ensino, onde lecionei por 16 anos, até ser demitido em meio a grave doença que me acometeu. Minha resposta: não volto, não posso e não devo voltar", afirmou no comunicado. Mais cedo, a faculdade havia dito que "em consideração ao trabalho desenvolvido pelo professor na instituição e atendendo a demanda dos alunos, convida, publicamente, o docente a reassumir suas funções".
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