Foto: Andréa Rêgo Barros/247
EM ENTREVISTA EXCLUSIVA AO 247, O PREFEITO DO RECIFE, JOÃO DA COSTA, QUE PRETENDE SE CANDIDATAR À REELEIÇÃO, MANDA UM RECADO PARA O EX, JOÃO PAULO, QUE QUER O SEU LUGAR
Entrevista
João da Costa (PT), prefeito do Recife
Gilberto Prazeres_247 – Principal interessado no debate político que está estabelecido na Frente Popular de Pernambuco, o prefeito do Recife, João da Costa, segue com o discurso de que não é o momento de se travar uma discussão eleitoral. O gestor entende que esse tipo de iniciativa prejudica o campo governista, classificando como uma irresponsabilidade a atual disputa por espaços dentro do bloco. “Acho uma irresponsabilidade a gente tentar fazer, agora, uma disputa de espaços dentro da Frente”, criticou o petista.
Nesta primeira parte da entrevista, João da Costa afirma que, no Recife, o PT não deve promover prévias, uma vez que não se teria um embate aberto pela indicação do partido à Prefeitura do município. “Não tem uma disputa por candidatura estabelecida dentro do PT. Ninguém se pré-inscreveu”, ressaltou. O prefeito ainda revela que tem reportado ao comando do PT nacional, o andamento de todas as ações que vem desempenhando para se cacifar como o candidato do partido e da Frente, nas eleições do próximo ano.O prefeito tem dito que o momento é de cuidar exclusivamente da gestão, mas o clima está quente na Frente Popular. Como o senhor tem encarado essa atual fase?
Com muita tranquilidade, paciência e sabendo que há os chamados tempos políticos. O tempo político que eu estou vivendo é de avançar num processo de legitimar a gestão que eu estou fazendo. Passei dois anos com muitas dificuldades políticas e de saúde. Eu até já tinha dito que o meu governo tinha começado mesmo em fevereiro deste ano. Isso não deixar de ser uma verdade política, porque foi, nesse período, que eu tinha as condições plenas de exercer o cargo. Foi quanto eu tinha a oportunidade de fazer a gestão com uma equipe renovada. Então, esse é um processo de recuperação que todos os agentes políticos reconhecem. O governo, agora, vive um processo de recuperação política de sua imagem.
Só imagem política ou também administrativa?
Eu digo política porque do ponto de vista administrativo, a gente tem se recuperado. Esse é o momento de a gente consolidar esse processo do governo. Agora, não é verdade que eu não estou conversando politicamente. Só não acho que não é o momento de definir processo eleitoral agora. Então, politicamente a gente procura conversar, procurar ouvir.
Com relação a essas conversas políticas, o prefeito tem aproveitado “brechas” em suas agendas administravas, durante viagens à Brasília. O senhor esteve, por duas vezes, reunido com o presidente nacional do PT, Rui Falcão. O que foi discutido nesses encontros?
Nós discutimos a conjuntura de Recife, a conjuntura de Pernambuco, o projeto do PT nacional, as estratégias do partido para as eleições nas capitais, quais as prioridades... Você não vai poder priorizar todas capitais, mas Recife é uma prioritária para o PT. Tem todo o projeto que a gente desenvolve aqui, tem a presença do PT, que vai completar 12 anos. Tudo isso foi colocado pelo presidente Rui Falcão. Ele entende Recife como uma cidade estratégica para o partido, uma prioridade política da direção do PT. Eu sei da minha responsabilidade nesse processo, para que o PT continue a governar o Recife, junto com as outras forças. Tenho reforçado o papel da Frente. Estou convencido que uma cidade com as complexidades do Recife você não governa sozinho. Tem que governar com outras forças não só políticas, mas também sociais e econômicas. É importante a gente essas alianças, que não se dão só com partidos. Isso eu tenho feito e tenho reportado para o PT nacional.
Então, o senhor detalha o passo-a-passo de suas ações?
Sim. Mostro também o meu compromisso, a minha disposição, o meu compromisso partidário. Falo como eu vejo essa necessidade da continuidade de um projeto político, dentro de uma frente. Acho uma irresponsabilidade a gente tentar fazer, agora, uma disputa de espaços dentro da frente, de quem comanda, de quem deixa de comandar. Há espaços para todo mundo. A frente fez com que todos os partidos crescerem. O PT tem, hoje, o prefeito da capital, um senador e manteve suas bancadas. O PTB elegeu um senador e aumentou sua bancada na Assembleia Legislativa. O PCdoB tem várias prefeituras e aumentou sua representação federal. O PTD tem dois deputados federais. Então, do ponto de vista eleitoral, a Frente Popular beneficiou os partidos. Todos os partidos dirigem esse processo. É claro que o PSB, governando o Estado, cresceu mais.
A recém-retirada da pré-candidatura da senadora Marta Suplicy (PT/SP) à Prefeitura de São Paulo é um sinal de que, mesmo nos casos mais complicados, o PT pode checar ao consenso, evitando prévias? Ela disputada com o ministro da Educação, Fernando Haddad, a indicação da legenda.
Isso sempre aconteceu com o PT. Cada cidade é uma realidade, e a discussão ocorre de acordo com essa realidade. A gente teve processos desgastantes e aprendemos com isso. Em alguns momentos, não se consegue construir a unidade. Quando não se consegue, o prejuízo é enorme para o partido. A gente tem que ter maturidade política, tem que ter humildade para que se possa construir essa unidade. Cada lugar é diferente.
E, aqui, quem tem que ter essa maturidade?
Só se constrói a unidade sobre um pressuposto de que todos, que estejam envolvidos no processo de construção política, pratiquem a maturidade e a humildade. Se prevalecerem os projetos individuais sobre o coletivo, não se terá unidade. Vai ser uma minoria que vai tomar uma decisão, que pode não ser o melhor resultado. Isso é da construção da política. As pessoas têm virtudes e defeitos. Em alguns momentos, é mais fácil construir a unidade. Espero que, em 2012, tudo isso seja levando em conta na hora da decisão. Eu estou procurando fazer o meu trabalho aqui, para estar bem posicionado nesse momento.
O PT nacional estabeleceu o dia 30 de março como prazo máximo para inscrição de prévias. O prefeito acha que todas as arestas, dentro do partido, podem ser aparadas até esta data?
As prévias ocorrem quando se tem, de forma antecipada, uma disputa muito clara dentro do partido. Hoje, em Pernambuco, não tem uma disputa por candidatura estabelecida dentro do PT. Ninguém se pré-inscreveu. Então, o que se tem é a conversa na política.
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