segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Arrasado, Pinheirinho é dominado pela PM



Arrasado, Pinheirinho é dominado pela PMFoto: NELSON ANTOINE/AGÊNCIA ESTADO

MORADORES DO ACAMPAMENTO NA REGIÃO DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS, EM SÃO PAULO, TIVERAM SEUS PERTENCES RETIRADOS DE CASA NESTA MANHÃ, O QUE GEROU NOVO CONFRONTO COM POLICIAIS; SÓ HOJE, 30 FORAM PRESOS E NOVE CARROS FORAM INCENDIADOS DURANTE A REINTEGRAÇÃO DE POSSE DA POLÍCIA MILITAR

Por Agência Estado
23 de Janeiro de 2012 às 12:20Agência Estado
Os moradores do acampamento Pinheirinho, em São José dos Campos (SP), voltaram a enfrentar os policias militares na manhã de hoje. A confusão começou logo após o início da retirada dos móveis das residências do assentamento. Segundo os moradores, algumas pessoas não foram permitidas a acompanhar a retirada dos pertences, o que provocou o confronto. Para dispersar os moradores, a polícia jogou bombas de efeito moral. Não há informação sobre feridos. Trinta pessoas foram presas apenas hoje e, segundo a Polícia Militar, nove veículos foram incendiados.
Entre os presos, 10 pessoas, entre elas um menor, ocupavam uma casa de família no bairro vizinho de Campo dos Alemães há três dias. Outros três presos estavam em duas residências, no mesmo bairro. Todos são traficantes e confessaram à policia que migraram do Pinheirinho para o Campo dos Alemães. Foram apreendidos 1.100 invólucros de maconha e 338 quilos de cocaína. Outras duas pessoas foram detidas quando tentavam jogar coquetel molotov em um depósito de gás, no Campo dos Alemães.
Além de nove veículos que foram incendiados durante o dia, entre eles o da TV Vanguarda, afiliada da Rede Globo, uma padaria, do vereador Robertinho da Padaria (PPS), também pegou fogo. Alguns moradores, que não estavam em casa ontem durante a distribuição de senhas, já faziam filas na manhã de hoje para se cadastrar e receber um número que permite recolher os objetos pessoais, que devem ser retirados ainda hoje.
Representantes de entidades sindicais e de movimentos social e estudantil da região de São José dos Campos prometem realizar na manhã de hoje uma manifestação contra a desocupação do acampamento Pinheirinho. Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região, o ato deve ser feito também em outras cidades do País ao longo do dia.
A manifestação está prevista para começar às 9 horas, na Praça Afonso Pena, em São José dos Campos. O objetivo da manifestação é denunciar a ação dos governos estadual e municipal do PSDB que ordenaram o despejo de nove mil famílias da Ocupação Pinheirinho.
As famílias, em grande maioria idosos, mulheres e crianças, estão alojadas, segundo o sindicato, em abrigos improvisados e sem estrutura da prefeitura, que sequer conseguiu atender a todos. Cerca de mil moradores se abrigaram na Igreja Nossa Senhora do Perpétuo Socorro e chegaram a ser atacadas com bombas pela PM, por volta das 23 horas de ontem.
Leia abaixo matéria publicada anteriormente pelo 247:
247 – Ainda é tensa a situação em Pinheirinho, São José dos Campos (SP), onde a Polícia Militar conduz, desde a manhã deste domingo, uma ação de reintegração de posse. Moradores da localidade incendiaram um carro na rua que dá acesso à comunidade por volta das 20h. O fogo foi controlado pelos bombeiros trinta minutos depois, mas os confrontos continuam. Os desalojados e a polícia se desentenderam mais uma vez no ginásio de esportes para onde os moradores de Pinheirinho foram encaminhados pela prefeitura local.
O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, criticou a ação de reintegração de posse do terreno do megainvestidor Naji Nahas em Pinheirinho. Segundo Carvalho, encarregado pelo Palácio do Planalto para lidar com os movimentos sociais, atropelou as negociações para a desocupação pacífica do local. Um dos assessores do ministro que intermediava as conversas chegou, inclusive, a ser atingido por uma bala de borracha na perna.
Segundo a Folha de S.Paulo, o ministro evitou fazer críticas à ação da polícia e ao governo de São Paulo, mas disse que o governo federal foi surpreendido pela ação em pleno domingo. A presidente Dilma Rousseff pediu que Carvalho e os ministros José Eduardo Cardozo, da Justiça, e Maria do Rosário, da Secretaria de Direitos Humanos acompanhem os desdobramentos da reintegração de posse.
Na avaliação do governo federal, o uso da força no local era desnecessário, já que existem pessoas vivendo ali há oito anos e haviam negociações para a retirada pacífica das famílias. PO ministro José Eduardo Cardoso teria inclusive telefonado para o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), para alertar sobre os riscos do uso da força policial, já que, na avaliação do Palácio do Planalto, parte das famílias que habitam o local têm ligações com os movimentos sociais mais radicais. Dezesseis pessoas foram detidas pela Polícia Militar durante os confrontos.
NELSON ANTOINE/AGÊNCIA ESTADO
NELSON ANTOINE/AGÊNCIA ESTADO

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