segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

O homem de Lula na Bahia



O homem de Lula na BahiaFoto: DIVULGAÇÃO

ENTENDA QUEM É O PRESIDENTE DA PETROBRAS, JOSÉ SÉRGIO GABRIELLI, NO CENÁRIO POLÍTICO BAIANO, SUAS REAIS CHANCES DE CONCORRER AO GOVERNO DA BAHIA E AS RAZÕES PARA SUA NOTICIADA SAÍDA DA ESTATAL

23 de Janeiro de 2012 às 11:53
Por Victor Longo _Bahia 247 - A anunciada volta à Bahia do presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, causou reboliço no noticiário político de fim de semana e nos bastidores da política baiana. Ele deve deixar o cargo no próximo dia 12 e, no início de março, assumir uma secretaria no governo da Bahia – especulam-se a da Indústria, Comércio e Mineração (SICM) ou a do Planejamento (Seplan). Capitaneado pelo amigo e ex-presidente Lula, Gabrielli é um dos principais pré-candidatos à sucessão do governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), nas eleições de 2014. Mas, afinal, quem é Gabrielli no cenário político do estado, e quem ele deverá superar caso queira se candidatar?
Economista e professor titular licenciado da Ufba, Gabrielli deixou os maus alunos da Faculdade de Ciências Econômicas aliviados quando se afastou da docência para assumir a presidência da Petrobras, durante o governo Lula. Tido como um dos professores mais temidos da faculdade, Gabrielli fez fama por ser muito rigoroso em suas aulas de Macroeconomia e por ter a admiração das garotas da escola. "Apesar de rígido, ele era tranquilo e acessível no trato com os alunos", acrescenta um ex-estudante.
Para as eleições de 2014, o PT e Gabrielli pretendem dar enfoque à sua imagem de técnico, embora ele tenha reconhecida atuação na política baiana, tendo inclusive chegado a ser candidato ao governo. O presidente da Petrobras já disputou duas eleições, uma em 82 e outra em 90, sem nunca sair vitorioso. No entanto, caso se consagre candidato em 2014, ele terá três vantagens: ter ocupado um cargo de visibilidade internacional e um dos mais cobiçados por políticos brasileiros; ter em seu favor o governo do Estado e a presidência, em um cenário bem diferente das eleições que disputou no passado; e o apoio do ex-presidente Lula, certamente a vantagem de maior peso eleitoral.
No PT, Gabrielli é membro da corrente Construindo um Novo Brasil (CNB), antiga articulação Unidade na Luta, liderada por Lula. De orientação socialdemocrata, a CNB teria que suplantar pelo menos outros três fortes nomes de tendências distintas para emplacar a candidatura do presidente da Petrobras ao governo da Bahia em 2014. Provável nome da corrente Democracia Socialista (DS), o senador Walter Pinheiro é um deles – além de ter um trabalho parlamentar reconhecido na Câmara dos Deputados, e agora no Senado, ele é uma liderança nacional respeitada no PT, além de ser bom de urna. Outro nome possível seria o recém-empossado chefe da Casa Civil do governo estadual, Rui Costa, da tendência Reencantar, com forte peso no PT baiano. Além deles, outro nome, de orientação independente, é o prefeito de Camaçari, Luiz Caetano. Costa tem a vantagem de ter a simpatia de Jaques Wagner, embora não seja diferente com Gabrielli.
Saída da Petrobras
A saída de Gabrielli da Petrobras em 2012 alia o desejo da presidente Dilma de retirá-lo do cargo aos anseios petistas de afastá-lo de temas considerados "espinhosos", como a definição das novas regras de repartição dos royalties e das participações especiais do petróleo. Além disso, os negócios envolvendo o petróleo do pré-sal, foco da área dirigida por Maria das Graças Foster na estatal, passarão a ser cada vez mais centrais nos planos da empresa. Com a saída de Gabrielli, a cúpula do PT pretende que sua gestão de seis anos à frente da Petrobras seja analisada como "100% técnica", teria dito uma fonte ao jornal Valor Econômico.
Em contrapartida, ele é visto por petistas baianos como alguém sem "pegada" política, o que poderia levá-lo a uma nova derrota nas urnas. Porém, não há quem negue que uma eventual participação pesada de Lula na campanha eleitoral poderia levá-lo à vitória. Que o diga Jaques Wagner, eleito em 2006 e reeleito em 2010, com forte apoio do então presidente.

Nenhum comentário: