segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

O mapa do Tesouro Direto



O mapa do Tesouro DiretoFoto: Shutterstock

TÍTULOS ESTÃO AINDA MAIS ACESSÍVEIS AO BOLSO DO PEQUENO INVESTIDOR, QUE COM APENAS R$ 30,00 JÁ PODE IR ÀS COMPRAS. SAIBA COMO FAZER SUAS ESCOLHAS

23 de Janeiro de 2012 às 16:15
Luciane Macedo _247 - Depois de encerrar 2011 batendo recordes, o Tesouro Direto, programa que possibilita a aquisição de títulos públicos por pessoas físicas pela internet, fica ainda mais acessível a partir desta semana, permitindo investimentos mínimos que devem baixar para R$ 30,00 através da compra fracionada -- que diminui de um quinto (0,2) para um décimo (0,1) de título. Esta primeira mudança será seguida de mais novidades, que devem entrar em vigor ao longo do ano, tudo contribuindo para que os títulos do Tesouro Direto ganhem mercado e conquistem cada vez mais a preferência do pequeno investidor em busca rentabilidade com segurança e liquidez. No ano passado, as vendas dos títulos totalizaram R$ 3.539,6 milhões, 58,3% a mais que no ano anterior -- foi o melhor resultado desde 2003. Este ano, o Tesouro Direto completa seu décimo aniversário.
Os títulos, que podem ser prefixados, indexados à inflação (IPCA) ou à taxa Selic, atendem a vários perfis de investidor com objetivos de curto, médio e longo prazo. As compras são feitas diretamente pela internet, bastando ter conta em uma corretora cadastrada no programa, e a custos muito baixos -- uma lista das corretoras que não cobram taxas de administração ou corretagem pode ser encontrada no site do Tesouro Direto.
"O Tesouro Direto é o investimento de renda fixa que proporciona os menores custos possíveis, por isso ele é tão competitivo", comenta Fabrício Tota, gerente de homebroker da corretora Socopa. "Preferencialmente, deve-se optar pelos investimentos de longo prazo, para se beneficiar de menores taxas de Imposto de Renda".
A tributação é a mesma que vale para a maioria dos outros investimentos em renda fixa: quanto maior o tempo da aplicação, menor a "mordida do leão". As alíquotas seguem a tabela regressiva do Imposto de Renda, variando de 22,5%, para aplicações de até 6 meses, a 15%, a menor alíquota, para aplicações de mais de 2 anos. O imposto é cobrado na fonte sobre os rendimentos. Embora também ofereçam liquidez -- o Tesouro Nacional recompra os títulos toda quarta-feira --, o ideal, portanto, é ficar com os papéis até a data do vencimento. O IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) é cobrado apenas para aplicações de até 30 dias.
Vale ressaltar que os títulos que pagam cupom semestral de juros também estão sujeitos aos tributos segundo a tabela regressiva: o primeiro cupom cairá na alíquota de 22,5%, o segundo, na de 20%, e assim por diante. Então, esse tipo de título pode ser uma desvantagem para o investidor de longo prazo -- há títulos atualmente disponíveis para compra com vencimentos até 2045.
Custos e tributação fazem muita diferença na hora de multiplicar o dinheiro. Os baixos custos do Tesouro Direto são um dos principais propulsores da popularização do investimento -- foram quase 70 mil novos investidores no ano passado, 28,8% a mais que no ano anterior. Na ponta do lápis, a simples ausência de taxas da corretora pode tornar o Tesouro Direto mais competitivo que investimentos em previdência privada.
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Os títulos mais vendidos em 2011 foram os indexados à inflação (com 51,06% das vendas) e os prefixados (com 36,41% de participação), ficando os papéis indexados à Selic em terceiro lugar (12,52%).
No que se refere a prazos de investimento, a preferência em 2011 foi pelos títulos com vencimento entre 1 e 5 anos (65,49% das vendas), seguidos pelos papéis com prazos acima de 5 anos (29,73%). No polo oposto, com a menor participação, ficaram os títulos com prazo de aplicação de até 1 ano (4,78%).
Os números reafirmam a primazia do Tesouro Direto como uma opção de investimento mais atraente no médio e longo prazos, além de indicar que, diante da possibilidade de alta da inflação no ano passado, os investidores procuraram se resguardar contra o avanço dos preços dando preferência aos papéis atrelados ao IPCA.
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A principal dúvida de muitos investidores, quando acessam os canais de ajuda das corretoras, é qual título escolher.
"Muitas pessoas que têm o primeiro contato com o Tesouro Direto vêm da poupança, então elas não procuram saber as características dos títulos", observa Eric Cardoso, gestor do portal RenaTrader, da corretora Renascença. "Sempre recomendamos aos que fazem cursos conosco para acompanharem alguns indicadores, mas principalmente a taxa Selic", assinala. "É importante para tomar uma decisão embasada na escolha de títulos".
Um resumão do Tesouro Direto
Indexados ao IPCA (inflação): NTN-B Principal e NTN-B* / Pagam juros e inflação
Indexado à Selic (taxa básica de juros): LFT / Paga Selic
Prefixados: LTN e NTN-F* / Pagam juros prefixados
* Com cupom de juros
"Se o título garante que paga a inflação mais uma taxa de juros previamente acordados, independentemente do que aconteça com a inflação, você sabe que aquele título vai render em diversos cenários, de inflação baixa ou não", explica Tota, da Socopa. "Você tem um rendimento real em qualquer cenário, é uma forma de proteger o capital. A parte fixa do título, por assim dizer, garante essa rentabilidade real. Não tem título no mundo que pague 5% mais inflação", ressalta. "Por isso os títulos do IPCA têm prazos de vencimento tão longos".
Na avaliação do professor Humberto Veiga, economista e autor do e-book "O essencial sobre Tesouro Direto", há também uma troca clara entre risco e retorno quando se opta por um título indexado ao IPCA. "Esses títulos chegaram a pagar 26% ao ano no governo Fernando Henrique, então quem comprou naquela época está rindo à toa", comenta Veiga. "É uma proteção de longo prazo contra a inflação, mas também traz mais riscos de crédito", assinala. "Quanto maior o prazo, melhores as taxas de remuneração, mas também aumentam as chances de dar zebra. Por outro lado, se você aplica no curtíssimo prazo, paga mais imposto. Então, é uma troca, você troca risco por retorno", explica o autor. "É um bom papel para quem tem um objetivo como comprar uma casa".
O mesmo já não acontece com os títulos prefixados, cuja remuneração é fixa e dada no momento da compra do título. "Se a inflação dispara, você perde dinheiro", adverte Tota. "Os prefixados são para quem não quer correr risco algum, pretende ficar com o título até o vencimento e receber aquela quantia determinada", explica Veiga. "Mas, se sair antes, é uma roleta russa".
Quanto aos títulos atrelados à Selic, eles se tornam menos interessantes quanto mais a taxa básica de juros cair, explica o gerente de homebroker da Socopa. "Se você acredita que a Selic vai cair, então sua decisão é clara", comenta Tota. "O mais interessante é fazer um mix dos papéis para não depender das variações de cenário. Afinal, só se pode contar com a expectativa de mercado e a previsibilidade de cenário até certo ponto".
Para Veiga, o título atrelado à Selic é o mais indicado para quem está chegando ao Tesouro Direto. "É um papel que terá uma rentabilidade superior enquanto as taxas de juros estiverem acima de 9%", diz o economista. "O investidor ganha mais do que ganharia na poupança", assinala. "É um papel bonitinho, mas insosso". O economista explica que o risco associado a esse papel não é a Selic cair, mas, sim, o fator incerteza -- como ressaltou Tota. "Se tiver certeza que a Selic vai cair, então o prefixado será uma escolha melhor", diz o economista. "A LFT não será mais arriscada nesse caso, o investidor apenas deixará de ganhar alguma coisa. Mas isso não é risco. O risco é a incerteza. O título atrelado à Selic vai pagar sempre o que o mercado está pagando".
Outro fator a ressaltar na escolha dos títulos são os prazos. "Se o objetivo é investir por apenas três meses, então há opções mais apropriadas que o Tesouro Direto", avalia Cardoso, da Renascença. "Apesar da liquidez semanal, vender um título antes do vencimento não é o mesmo que tirar dinheiro da poupança", assinala. "No Tesouro Direto, você investe para deixar o dinheiro multiplicar, não faz sentido movimentar demais o dinheiro". Tota, da Socopa, faz a mesma recomendação: "É melhor ter um planejamento para ficar até o fim e não precisar do dinheiro em 6 meses ou antes de vencer o papel, porque o investidor perde um pouco da rentabilidade e ainda paga mais IR".

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