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PÂNICO CHEGA À BAND PEDINDO LIBERDADE QUE RAFINHA BASTOS NÃO TEVE; ELE SAIU DO CQC DEPOIS DE PIADA SOBRE WANESSA CAMARGO E O BEBÊ; A TRUPE DE EMÍLIO, NO ENTANTO, ACUMULA PROCESSOS JUDICIAIS; HUMOR PRECISA SE REINVENTAR?
Diego Iraheta _247 - Por que trabalhar com humor ficou tão perigoso no Brasil? Dá processo, indenização, polêmica… O que está errado: o ofício dos humoristas, cuja vocação é fazer rir, ou a cultura do “politicamente correto”, que tenta higienizar deboche e ironia de todas as partes, inclusive dos programas humorísticos? A alta cúpula da Band está se deparando com essas questões e terá que bater martelo sobre um pedido de seus mais novos funcionários. Recém-chegada da RedeTV!, a irreverente galere do Pânico quer mais do que salários e bônus advindos de merchandising. A coluna Outro Canal, da Folha, informa nesta terça, 21, que os humoristas pediram “liberdade total” no programa.
A preocupação da gang do Pânico é tomar um pito da Band, que tirou do CQC Rafinha Bastos, em outubro do ano passado. O motivo foi a declaração de Rafinha no programa, considerada por muitos infeliz, de que “comeria” Wanessa Camargo e o filho. Os fãs do humorista acharam uma bobagem a dimensão que a brincadeira tomou… Virou caso de Justiça, com direito a feto como autor de ação e uma sentença proferida de maneira ligeiríssima, muito diferente de inúmeras ações que tramitam na Justiça brasileira, condenando Rafinha.
A repercussão desse episódio fez o Pânico se certificar de que não vai ser repreendido na nova casa. Para decider se atende ou não à trupe bem-humorada, a Band poderá levar em conta o histórico judicial da trupe de Emílio, Carioca e Sabrina. O programa já perdeu ações na Justiça da ordem de milhares de reais para globais como Carolina Dieckmann, Luana Piovani e continua enfrentando outros processos, como da própria TV Globo (por uma hilária invasão no Big Brother Brasil).
Além de Band e RedeTV!, a própria TV Globo está na mira do que os humoristas consideram patrulhamento do “politicamente correto”. A dupla mais badalada do programa Zorra Total, Valéria e Janete, foi alvo de uma representação do Sindicato dos Metroviários de São Paulo. A entidade defende que as cenas incentivam assédio sexual porque um homem sempre encosta e abusa de Janete no final do quadro “Metrô Zorra Brasil”. Segundo a Folha, a Globo rebate a carta do sindicato e frisa que nunca incitou abuso sexual e, ao contrário, sempre defendeu os direitos da mulher.
Um entretenimento de sábado à noite, para aqueles que ficaram em casa e não saíram para festa e farra é tão prejudicial assim? O espectador pode mesmo achar que é engraçado atacar Janetes no metrô e sair por aí abusando?
Não dá para culpar o humor por um crime… O que se pode discutir é o quanto o humor pode deseducar. Ou, até por causa disso, o quanto pode ser pedagógico. Um bom exemplo é o quadro de Valéria e Janete mesmo.
Ali, reforçam-se estereótipos. Por um lado, a travesti escandalosa está doida atrás de um homem. Por outro lado, a jovem “socialmente feia” não sabe falar direito e é desprezada pela espertalhona Valéria.
Ora, toda travesti faz escândalo e quer homem? Não seria possível fazer uma personagem diferente e tão engraçada quanto? Que tal uma travesti nerd e virgem? Muito inverossímil? Que tal uma jovem “socialmente feia”, Ugly Betty da vida, muito esperta e pegadora? Pegadora, tipo o mulherengo, e não tipo a piranha!
Se você considera que o humor é de mau gosto, vale questionar se você não foi contagiado pela febre do “politicamente correto”. Ao mesmo tempo, se realmente os excessos (de ofensas e preconceitos) é que estão dominando a telinha e as redes, talvez seja o momento de o humor se reinventar. Mas esse é um trabalho duplo: do humorista e do público.
Afinal, o que é que te faz rir?
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