Foto: Montagem/247
MANTEGA TEM SIDO UM BOM MINISTRO, MAS, INEGAVELMENTE, FOI COLOCADO NA POSIÇÃO DE BOLA DA VEZ; SE NÃO CONSEGUIR RESISTIR, AS PRINCIPAIS OPÇÕES SÃO FERNANDO PIMENTEL, LUCIANO COUTINHO E NELSON BARBOSA; CADA UM COM SEUS PRÓS E CONTRAS
247 – Nos já quase dez anos de administração petista no governo federal, o genovês Guido Mantega tem sido o mais longevo e operoso colaborador. Foi ministro do Planejamento, onde elaborou o projeto das parcerias público-privadas, presidente do BNDES, onde alavancou as operações de crédito do banco, e ministro da Fazenda, onde também tem dado uma contribuição relevante. Inegavelmente, o Brasil se saiu bem nas crises de 2008, como também tem tido bom desempenho neste início conturbado de 2012, com a Europa mergulhada em crise. Na Cidade do México, onde participa de uma reunião do G-20, Mantega condicionou o apoio do Brasil aos países europeus a uma melhor representação dos emergentes no FMI e no Banco Mundial.
Mantega, inegavelmente, tem sido um ministro capaz de superar expectativas. Mas também é inegável que, nas últimas semanas, ele foi colocado na incômoda posição de “bola da vez”. Foi atingido pelo escândalo na Casa da Moeda, que derrubou Luiz Felipe Denucci, suspeito de receber U$S 25 milhões em propinas, pode ser convocado pelo Congresso em março e, agora, sua filha é acusada de ter seu nome usado por lobistas interessados em vantagens no Banco do Brasil e na Caixa Econômica Federal (para entender a crise no BB, leia aqui). Mantega quer continuar no cargo e é possível que consiga resistir. Mas o fato concreto é que, até agora, todos os ministros que já enfrentaram crises semelhantes, acabaram deixando o governo, com maior ou menor tempo de desgaste.
Caso seja este o desfecho de Mantega, a presidente Dilma Rousseff conta hoje com três curingas capazes de assumir o Ministério da Fazenda, cada um com seus prós e contras.
Uma solução caseira seria a escolha do secretário-executivo da Fazenda, Nelson Barbosa. E o fato é que Dilma tem mais afinidade com ele do que com Mantega, tanto que despacha diretamente com um subordinado do ministro da Fazenda. Seria uma saída muito parecida com a do Banco Central, onde Henrique Meirelles, tido como pavão, assim como Mantega, deu lugar ao técnico Alexandre Tombini. A desvantagem seria a imagem de que o ministro seria fraco e que o verdadeiro chefe da Fazenda seria a presidente Dilma Rousseff, que é também economista.
Uma segunda possibilidade seria o deslocamento de Fernando Pimentel, do Desenvolvimento para a Fazenda. Ex-secretário de Fazenda de Belo Horizonte, e depois prefeito, Pimentel é especialista em finanças públicas e é também o ministro em quem Dilma mais confia, além de ter sido o primeiro a se engajar na sua campanha eleitoral de corpo e alma. Seria simples organizar a transição no Desenvolvimento, uma vez que o secretário-executivo Alexandre Teixeira é também próximo a Dilma, e, com Pimentel, a presidente poderia acompanhar mais de perto o que se passa em instituições como o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal. Os problemas: Pimentel ainda não foi julgado pela Comissão de Ética da presidência da República e, assim como Antonio Palocci, também exerceu a atividade de consultor de empresas privadas quando esteve fora do setor público.
Uma terceira possibilidade seria a escolha do economista Luciano Coutinho, do BNDES, por quem Dilma também nutre grande admiração e respeito. Desenvolvimentista como Mantega, Coutinho tem ótimas relações com praticamente todo o PIB brasileiro e é extremamente discreto. Sua única desvantagem é ter participado de todas as megaoperações recentes do BNDES, algumas cujo retorno não parece tão claro para a sociedade, como a formação de “campeões nacionais” em vários setores da economia.
Mantega tem sido um bom ministro, mas o fato é que Dilma tem alternativas. E nenhuma das três provocaria qualquer trauma ou solavanco na economia brasileira.
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