Foto: ANDRÉ LESSA/AGÊNCIA ESTADO
RETOMADA DA REITORIA PELA POLÍCIA MILITAR MARCA A LARGADA EFETIVA DA CORRIDA ELEITORAL EM SÃO PAULO; FERNANDO HADDAD, CANDIDATO PETISTA, DIZ QUE UNIVERSIDADE NÃO É A “CRACOLÂNDIA”; JOSÉ ANÍBAL, POSSÍVEL ADVERSÁRIO TUCANO, O CHAMA DE “FROUXO”
Cassius Oliveira_247 – A retomada da reitoria da Universidade de São Paulo, na madrugada desta terça-feira, por um batalhão de elite da Polícia Militar de São Paulo, será lembrada como o marco zero da disputa eleitoral em São Paulo. Fernando Haddad, virtual candidato do PT à prefeitura da capital paulistana, disse que a USP não deve ser tratada como “a cracolândia”, reduto dos viciados em crack na cidade. José Aníbal, que pleiteia ser seu adversário no ninho tucano, rebateu, chamando Haddad de “frouxo”. Para o governador paulista, Geraldo Alckmin, a Polícia Militar deu uma “aula de democracia” aos estudantes – 70 deles foram presos e ainda não foram liberados porque não pagaram a fiança.
Na USP, visitada nesta tarde pela reportagem do 247, o clima é de apreensão. Muitos alunos continuam revoltados com a presença da PM dentro do campus e atacam a gestão do reitor João Grandino Rodas, indicado pelo ex-governador José Serra. Uma estudante de artes plásticas, que preferiu não se identificar, falou ao 247: “Este reitor, que implementou o convênio com a PM, não tem nenhuma legitimidade democrática na universidade; ele tem uma inteligência reacionária e processou diversos alunos por uma movimentação politica”, afirma. “É uma inocência achar que ele fez isso (presença da PM no campus) por segurança, foi um oportunismo, pois ele se aproveitou de uma morte para fazer este convênio”. Em setembro deste ano, um aluno foi baleado e morto quando deixava a USP.
Diversos estudantes defendem um policiamento comunitário na USP e têm sido tratados como “maconheiros” e “vagabundos” pelos que defendem uma presença mais ativa da PM no campus – neste mês, três estudantes foram presos fumando maconha na universidade. Para o deputado Paulo Teixeira (PT-SP), que defende a descriminalização das drogas, a vida universitária é “um ritual de passagem” para os jovens e não faz sentido tratar o estudante como um potencial criminoso.
Divisão interna
Alguns estudantes que ocupavam a reitoria falaram que a PM entrou no edifício por volta das cinco horas da manhã arrombando portas e utilizando spray de pimenta para tomar posse do local. Um aluno de Ciências Sociais ilustrou a situação: “Cheguei por volta das 6 horas da manhã e esta rua (em frente ao prédio da reitoria) parecia um campo de batalha, com vários helicópteros da policia, dezenas de viaturas, era realmente uma cena de guerra”. Os estudantes que ocuparam a reitoria estavam preparados com dezenas de coquetéis molotov e bombas caseiras, mas foram surpreendidos pela PM. Eles defendem a melhoria da guarda universitária, aumento da iluminação do campus e alternativas de transporte na USP.
Na Universidade de São Paulo há uma divisão entre os que são a favor da presença da Policia Militar no campus, liderados pelos alunos da Faculdade de Economia e Administração, a FEA, e os que condenam esse policiamento ostensivo. Brian Ogundairo, estudante do primeiro ano de Administração, defende a ideia da PM estar na USP. “Apesar da PM não saber lidar com estudantes, é necessário porque querendo ou não a Guarda Universitária não é preparada para combater criminosos de verdade”. A maioria que é contra é formada por estudantes da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. Brian também disse que estes alunos já hostilizaram os alunos da FEA por apoiarem a presença da PM na USP.
O que antes se restringia a uma disputa entre estudantes agora atinge também os pré-candidatos à prefeitura de São Paulo.
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