terça-feira, 8 de novembro de 2011

Exclusivo: o duro alerta da Motorola a Mercadante



Exclusivo: o duro alerta da Motorola a MercadanteFoto: Divulgação

UMA ESTATAL DE SEMICONDUTORES NO SUL, SUBORDINADA AO MINISTÉRIO DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA, JÁ RECEBEU R$ 300 MILHÕES EM VERBAS OFICIAIS, GANHOU OS EQUIPAMENTOS DA EMPRESA AMERICANA, NADA PRODUZIU E CORRE SÉRIOS RISCOS DE ACIDENTES

08 de Novembro de 2011 às 11:55
247 – Um elefante branco criado no governo Lula sob as asas do Ministério da Ciência e Tecnologia, e hoje sob a responsabilidade direta do ministro Aloizio Mercadante, corre sérios riscos de acidentes. Trata-se do CIETEC, um projeto para produção semicondutores, concebido pelo antecessor de Mercadante na pasta, o ex-ministro Sérgio Rezende, e implantado no Rio Grande do Sul. Até agora, a fábrica de chips já recebeu mais de R$ 300 milhões em verbas públicas, desde o início de sua implantação e não produziu nada até agora. Os equipamentos, em perfeito estado, foram doados pela área de semicondutores da Motorola, hoje rebatizada como Freescale. E numa carta endereçada ao ministro Aloizio Mercadante, obtida pelo 247, o principal executivo da Freescale, Doug Keenan, alerta o ministro sobre o risco de sérios acidentes na planta, em função do descaso do governo com o CIETEC.
Em reportagem recente sobre o caso, chamada “Fábrica de ilusões”, a revista Istoé informou que o projeto do CIETEC foi objeto de 13 aditivos contratuais durante a sua construção, que estão na mira do Tribunal de Contas da União. De acordo com a revista, Mercadante trata a fábrica como uma herança maldita, deixada pelos antecessores no cargo. O que não se sabia é que a própria Motorola aponta riscos no empreendimento. “Devo alertá-lo sobre riscos do projeto, riscos que são iminentes e realmente recomendamos que o governo tome providências. Sem isso, há o risco de que ocorram sérios acidentes, em função da natureza da fábrica, e da forma como o projeto vem sendo conduzido”.
O projeto do CIETEC remonta ao ano de 2001 e os equipamentos foram doados ao governo brasileiro numa ação liderada por dois executivos da Motorola – Fabio Pintchovski e Hector Ruiz. O executivo que implantava a fábrica, Eduard Weichselbaumer, renunciou ao cargo diante das pressões políticas que sofria para realizar novos aditivos contratuais ao projeto. Hoje, em sua página na internet, o CIETEC diz que está prestes a deixar de ser um projeto e se tornar realidade. Em vez de semicondutores, o único produto do CIETEC é um chip de rastreamento de gado bovino, produzido fora do Brasil. Mercadante tem uma batata quente nas mãos e os gaúchos uma fábrica que, segundo a Motorola, corre sérios riscos de acidentes, em função do descaso do governo federal.

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