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NO INTERIOR DE SÃO PAULO, JOSÉ AFONSO DÉ (À ESQ.) FOI CONDENADO A 60 ANOS E OITO MESES DE PRISÃO POR ABUSAR SEXUALMENTE DE MENINOS; NO PARANÁ, OUTRO ‘RELIGIOSO’ É PRESO SOB SUSPEITA DE TER ESTUPRADO MENINA DE 7 ANOS; “ESTAVA SÓ BRINCANDO”, DISSE ELE
A Justiça de Franca, no nordeste de São Paulo, condenou o padre José Afonso Dé, de 76 anos, a cumprir 60 anos e oito meses de prisão. A pena é em regime fechado, mas a defesa obteve um habeas corpus para que o religioso responda em liberdade enquanto aguarda o julgamento do recurso.
A decisão partiu da 2ª Vara Criminal e se refere a crimes cometidos ainda no ano passado quando Padre Dé, como era chamado pelos fiéis, dirigia a Paróquia São Vicente de Paulo, no Jardim Tropical. A condenação foi pelos crimes de estupro e atentado violento ao pudor.
Como foi em primeira instância, a decisão ainda cabe recurso e pesou em favor do padre, para que continue livre, sua idade e o fato de até agora não oferecer risco de fuga. Durante o inquérito quatro adolescentes que atuavam ou que chegaram a atuar como coroinhas na igreja, na faixa entre 11 e 16 anos, contaram à polícia que foram molestados pelo religioso.
A decisão saiu há quatro meses, mas somente agora se tornou pública porque corre em segredo de Justiça. O padre chegou a depor na CPI da Pedofilia do Senado Federal, que enviou representantes a Franca.
O religioso está afastado desde o ano passado da igreja e também se nega a falar novamente sobre qualquer assunto que envolva as denúncias.
Em Londrina, a delegada da Mulher Elaine Aparecida Ribeiro disse hoje que as testemunhas ouvidas no inquérito que apura estupro de vulnerável de um padre contra uma menina de sete anos no domingo à tarde, em um clube da cidade, disseram que havia outra criança que também teria sofrido as mesmas agressões. "Só uma esteve no plantão para prestar queixa, mas agora procuro a outra para ver se ele também mexeu com ela", afirmou.
O padre Marco Túlio Simonini, de 51 anos, estava detido até a tarde de ontem em uma cela especial do 2º Distrito Policial mas seu advogado, Abraham Lincoln da Silva, tentava conseguir a liberdade. Em depoimento à delegada, o padre negou que tenha cometido qualquer abuso contra as meninas. "Ele disse que estava só brincando", destacou a delegada.
Testemunhas disseram que a menina de sete anos estaria sentada em seu colo, enquanto ele tocava as partes íntimas dela. A delegada disse que terminará o inquérito nos dez dias previstos por lei. Ela acentuou não ter dúvidas de que o padre realmente estava molestando a menina, embora não tenha havido nenhuma conjunção carnal. "Por isso autuei", afirmou.
Ela estava de plantão na tarde de domingo, quando o flagrante foi registrado. "As provas testemunhais são muitas, da família, dos funcionários do clube, dos seguranças." No domingo, quando perceberam o suposto ato libidinoso, as pessoas que estavam no clube ameaçaram o padre de linchamento. Ele só não aconteceu em razão da chegada da Polícia Militar.
Simonini não era conhecido da família e a identidade de padre somente foi revelada na delegacia. Na tarde de segunda-feira, o reitor do Seminário Paulo VI, padre Rafael Solano, disse que Simonini estava afastado do exercício dos ministérios sacerdotais desde julho de 2010, em razão de estar se tratando de uma forte depressão.
Ele também havia pedido um tempo para pensar sobre a continuidade na carreira, iniciada em 2001. No entanto, morava no seminário e costumava sair para andar de bicicleta. Em alguns domingos, frequentava a piscina de um clube da cidade. Solano disse que nunca houve qualquer reclamação de alguém contra Simonini. Em razão das acusações, ele está suspenso das ordens sacerdotais.
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