quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Após calote de US$ 1,6 bilhão no BNDES, American Airlines tenta devolver aviões



O presidente da American Airlines, Thomas Horton, reconheceu que está em negociação com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Embraer sobre uma dívida pendente de US$ 1,6 bilhão (R$ 2,7 bilhões) com o banco. Entre 1998 e 2002, no governo tucano, o BNDES destinou US$ 3 bilhões à empresa norte-americana para a compra de 200 aviões regionais da Embraer, mas até agora não quitou o total do financiamento. A AMR, controladora da American, entrou em concordata em 29 de novembro do ano passado. ,
Em viagem ao Brasil, Horton afirmou em entrevista ao Valor Econômico que uma das alternativas para o pagamento é devolver algumas aeronaves à Embraer. Só não disse como pretende quitar a parte do BNDES. “Somos grandes operadores de jatos da Embraer. Temos mais de 200 deles. Obviamente, grande parte da reestruturação [da American Airlines] é otimização de frota e redução da dívida. Como nossa frota é nova, pode ser uma oportunidade para a Embraer ter aviões adicionais. É possível [devolver alguns aviões]”, frisou.
O executivo é um grande gozador. Quer dizer, então, que a Embraer receber de volta algumas sucatas é uma “oportunidade” para a empresa brasileira ter “aviões adicionais”? Depois de anos de uso, obviamente, os aviões têm menor valor de revenda.
O interessante é que Horton revelou o montante da pendência com o BNDES. Até então, estimava-se que a dívida era de cerca de US$ 900 milhões, uma vez que o banco sonega à sociedade brasileira o destino dos financiamentos da linha de crédito BNDES Exim, modalidade utilizada na operação com a American Airlines. A única coisa que o banco tinha admitido era que havia sido contatado pela empresa dos EUA para renegociar a pendência.
Ao mesmo tempo em que informou a possibilidade de não pagar o que deve ao BNDES e de ter de devolver aeronaves à Embraer, ele asseverou que a American Airlines encomendou, em julho do ano passado, 460 aviões junto à Boeing e à Airbus pelos próximos cinco anos, no valor de US$ 13 bilhões.
A devolução dessas aeronaves constituiria a segunda vez em que o BNDES levaria um chapéu de uma empresa norte-americana. Em 2010, o BNDES passou pela mesma situação, com o calote da Mesa Airlines, quando o banco retomou 36 jatos Embraer ERJ-145. O financiamento de US$ 607 milhões foi aprovado pelo BNDES no ano 2000.
É o corolário de uma política de trocar o financiamento de empresas nacionais – finalidade para a qual foi criado o Banco – pelo financiamento de monopólios estrangeiros e para a criação de “multinacionais brasileiras”.
Mesmo com a American Airlines em processo de concordata, se reuniu com a TAM para tentar atrair a companhia brasileira a sair da StarAlliance para integrar a aliança OneWOrld, criada pela American. “Esse negócio de companhias aéreas está se transformando, cada vez mais, em um jogo de alianças”, frisou.
Horton também declarou que estava “entusiasmado” com a privatização dos aeroportos no Brasil.

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