O ódio a Lula criou até uma nova forma de preconceito, o preconceito médico-hospitalar. Pregam, agora, que ele se trate no SUS. Põem reportagens mostrando a situação da saúde pública e pregam que o ex-presidente trate nela o câncer de que sofre.
Nunca antes na história deste país pregaram que um ex-presidente se tratasse no sistema público de saúde. Não fizeram isso com Tancredo Neves ou com Itamar Franco – e olhem que a mídia nem gostava muito do Itamar.
FHC, que não é bobo nem nada, criticou os que estão pedindo que Lula use o sistema público de saúde. Disse-os “recalcados”. A última coisa que um homem nessa idade quer é ser cobrado a se tratar em um sistema de saúde que deixou igual ou pior do que o antecessor.
Essa demagogia insinua que Lula é o único responsável por a saúde pública ser ruim, no Brasil. O ineditismo da hipocrisia. Já que é assim, governadores e ex-governadores não deveriam ser cobrados, se adoecerem? Também não terão sido responsáveis pela saúde pública?
Aliás… E os prefeitos?
Mário Covas não era responsável pela saúde dos paulistas quando teve câncer e acabou falecendo? Alguém lhe fez essa cobrança? Jamais. São resmas de crônicas e colunas e até editoriais que se condoeram quando da triste notícia do câncer tucano.
Aliás, por que um ex-presidente – que, como todo ex-presidente, tem dinheiro para pagar pela saúde privada – aumentaria a fila na saúde pública para quem não pode pagar? Quem pode, apesar de ter direito de usar a saúde pública, será generoso pagando pela saúde privada.
Pois é. Câncer, agora, tem até partido. Mas será que farão isso com Fernando Henrique Cardoso, se ele adoecer? Cuidado, hipócritas: o político de que gostam está avançado na idade e ninguém está livre da doença. Mesmo tendo diploma de doutor.
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