FILIPE COUTINHO
DE BRASÍLIA
DE BRASÍLIA
O policial militar João Dias Ferreira, que acusou um esquema de desvio de dinheiro no Ministério do Esporte, foi preso nesta terça-feira com R$ 200 mil, que disse ser propina de pessoas ligados ao governador Agnelo Queiroz (PT), ex-chefe da pasta, como forma de "cala-boca".
Segundo o advogado de Ferreira, ele recebeu "inúmeras" propostas de pessoas ligadas a Agnelo e, ontem, teria decidido aceitar para poder filmar a entrega do dinheiro.
"Ele recebeu ontem esse dinheiro na casa dele de pessoas que ele entende que sejam do governo, como forma de 'cala-boca'. Ele resolveu então ir devolver o dinheiro e foi na secretaria de Paulo Tadeu, que é quem ele entende que foi a origem do dinheiro", disse o advogado de Ferreira, André Cardoso.
Sérgio Lima - 24.out.2011/Folhapress | ||
O policial João Dias Ferreira fala à imprensa, depois de prestar segundo depoimento à Polícia Federal, em Brasília |
O policial foi preso em flagrante por injúria na tarde desta quarta-feira, na sede do governo do DF, o Palácio do Buriti. Ele foi detido após agredir uma assessora da secretaria de governo, comanda por Paulo Tadeu --um dos principais aliados de Agnelo. Na confusão, João Dias Ferreira jogou o dinheiro no chão, informação confirmada pela assessora agredida.
O advogado do policial, André Cardoso, confirma apenas acusação de injúria e não falou sobre a agressão.
Ferreira é dono de duas ONGS que desviou mais de R$ 3 milhões do Esporte, quando Agnelo era ministro e também na gestão de Orlando Silva _ que caiu após as acusações. Durante a crise no Esporte, João Dias Ferreira centrou as acusações em Orlando Silva, sem implicar diretamente Agnelo.
Segundo o advogado, ele filmou a entrega do dinheiro e o vídeo já foi entregue para a polícia. Cardoso disse ainda que o policial deverá ser solto mediante fiança. Caso isso aconteça, João Dias Ferreira ainda poderá ser encaminhado à corregedoria da Polícia Militar.
Segundo a assessoria de Agnelo Queiroz, Ferreira agrediu duas servidoras da secretaria de governo e que a motivação de Ferreira é "escusa".
"Quanto ao secretário de Governo, Paulo Tadeu, ele não se encontrava no Palácio durante o episódio. A segurança do Palácio do Buriti abriu procedimento para apurar como se deu o acesso de João Dias ao prédio. O governo do Distrito Federal também vai apurar com que objetivos escusos o policial apareceu nesta tarde, de forma despropositada, no Palácio do Buriti", diz a nota do governo.
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