terça-feira, 25 de outubro de 2011

Adivinhe quem vem para jantar no Alvorada hoje?



Adivinhe quem vem para jantar no Alvorada hoje?Foto: BETO BARATA/AGÊNCIA ESTADO

PRESIDENTE DILMA RECEBE HOJE À NOITE, NO PALÁCIO DO ALVORADA, O GRUPO THE ELDERS, CUJA ESTRELA MAIS CHARMOSA É A DO EX-PRESIDENTE FERNANDO HENRIQUE; AO LADO DELE, JIMMY CARTER E DESMOND TUTU ESTÃO CONFIRMADOS; GRANDES COADJUVANTES DE UM ENCONTRO QUE VAI SE TORNANDO FREQUENTE

25 de Outubro de 2011 às 15:44
Evam Sena_247, em Brasília – Depois de nove anos sem pisar no Palácio do Alvorada, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso voltará à residência onde morou de 1995 a 2002 a convite da atual inquilina, a presidente Dilma Rousseff. A cena, que foi impossível durante o governo anterior, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, vai acontecer agora com Dilma, que a cada oportunidade se mostra mais próxima do tucano FHC.
Dilma receberá não só Fernando Henrique, mas o grupo conhecido como The Elders (Os anciões, em tradução livre), que reúne líderes mundiais. Estão confirmados para o jantar de hoje o arcebispo sul-africano Desmond Tutu; o ex-presidente norte-americano Jimmy Carter; o ex-presidente da Finlândia Martti Ahtisaari; a ex-primeira-ministra da Noruega Gro Brundtland; e a ex-alta comissária da ONU para Direitos Humanos Mary Robinson.
O grupo, criado em 2007 pelo ex-presidente sul-africano Nelson Mandela, se reunirá de hoje até quinta-feira no Rio de Janeiro. Mandela não virá ao Brasil por motivos de saúde. O pedido para que a presidente recebesse os anciões partiu do próprio FHC, em fevereiro, quando eles se encontraram na comemoração de 90 anos do jornal Folha de S. Paulo.
Desde então, o clima amistoso entre o tucano e a petista tem causado tanta satisfação a eles como insatisfações em seus respectivos partidos políticos. As palavras de Dilma para Fernando Henrique em carta de felicitações pelos 80 anos de idade, em junho, ainda reverberam nos ouvidos petistas, ao praticamente zerar o peso da chamada ‘herança maldita”, expressão criada por Lula. A presidente classificou o tucano como “acadêmico inovador”, “político habilidoso” e homem que “contribuiu decisivamente para a estabilidade econômica do País”.
Os encontros entre os dois têm sido marcados sempre por troca de sorrisos e conversas, algo que a presidente linha-dura e de poucos amigos praticamente reserva apenas aos correligionários mais próximos. FHC retribui a cordialidade poupando Dilma de críticas. Em agosto, quando a oposição lutava para criar uma CPI da Corrupção no Congresso, o ex-presidente afirmou aos governadores tucanos Geraldo Alckmin, de São Paulo, e Antonio Anastasia, de Minas Gerais, que era contra a criação da comissão.
Semana passada, com o agravamento da crise no Ministério dos Esportes, Fernando Henrique afirmou que “é sempre assim” a pressão para demissão de ministro quando surgem denúncias, mas defendeu que é preciso dar “tempo ao tempo”. Respaldou, assim, o posicionamento de Dilma, que até agora mantém em seu governo o ministro.
Esta noite será a primeira vez que FHC voltará ao Alvorada depois que deixou o governo, já que ele não tinha uma relação nada boa com seu sucessor, Lula. Por outro lado, o ex-presidente petista já foi recebido pelo menos três vezes por Dilma desde que ela assumiu o mandato.
Oficialmente, petistas e tucanos falam em relação republicana e democrática. O líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), tenta minimizar as declarações de FHC lembrando que ele já passou pelas dificuldades de ser presidente, mas cobra que a oposição cumpra seu papel de maioria. “A presidenta Dilma já tem muitos apoios na base aliada. Não precisa da oposição para ajudá-la”, declarou. Graúdos do PSDB temem que a aproximação entre o ex-presidente e a petista retire do partido bandeiras tidas como clássicas.
Entre os petistas, há o temor de que a aproximação entre Dilma e FHC afaste cada vez mais a presidente de Lula, o que, combinado com a ideia da “faxina”, bem recebida pela população, pode ajudar a desqualificar o governo petista anterior. Mas há uma ala petista que vê benefícios nesse flerte. O deputado Carlos Zaratini (PT-SP) acredita que a aproximação pode conquistar para o PT votos que antes iam para o PSDB.

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